domingo, 20 de setembro de 2009

Boas demais.

"Tina Turner levava uns tabefes do seu marido e parceiro musical. Marylin Monroe casou-se três vezes e teve alguns amantes antes de cometer suicídio aos 36 anos. Lady Diana casou com um princípe que amava outra e depois se meteu com uns sujeitinhos que vendiam para os tablóides os detalhes de sua intimidade." Esses e outros exemplos são trechos do livro "Divas abandonadas" da jornalista Teté Ribeiro, que fala, como você deve ter notado, de mulheres bem sucedidas que caíram nas garras de algum(uns) infeliz(es).
Fiquei me perguntando se isso é um padrão. Será que não existem mais homens capazes de reconhecer o valor de uma peça rara quando podem praticamente tateá-la (isso fazem muito bem) em suas mãos? Homens capazes de reconhecer quando tiram a sorte grande. Bem, homens. Porque o simples merecedor do conceito dessa palavra, segundo as mais desiludidas, já se tornou raro.
Mulheres inteligentes, dedicadas e auto suficientes, se fingem de burras, indefesas e dependentes pra agradar. Mas talvez essa seja a grande prova de que no fundo, é só o que são.
Então talvez a culpa seja das fêmeas, afinal, os machos alegam que é justamente a grande disponibilidade de opções que os cega pras vantagens da monogamia. Pra quê dedicar respeito, carinho e fidelidade a uma boa mulher, se ela aceita o que lhe é oferecido? E caso ela não aceite, 20 fazem fila por uma chance com ele (falando aqui do partidão). E é isso aí. Ficamos sabe Deus quando e sabe Deus por quê, fáceis. Em todos os sentidos: fáceis de ter e fáceis de manipular. Diante dessa triste verdade devo informar com pesar às mulheres do mundo: vocês são boas demais. E não enxergam isso.
Boas demais pra grande maioria deles. Porque aquele que lhe merece é unicamente aquele que reconhece isso. Que reconhece que tem sorte, sim, por você tê-lo escolhido.
Feminismo? Talvez. Mas antes uma mulher feminista a uma coitada machista, que acredita que lugar de mulher é no tanque!
Mas eu culpo os romances. Livros, filmes e novelas; todos contando lindas histórias de amor inverídicas, idealizadas, vividas por personagens perfeitos onde o defeito dum completa as qualidades doutro. Não que isso não exista, veja bem. O que não existe é o amor sem defeitos, é o príncipe encatado, é o Robert Pattison (vampiro do crepúsculo e moda atual) aparecendo pra te salvar de uma existência medíocre com seus poderes vampíricos. A idéia de conseguir isso tudo, criou uma legião de mulheres carentes. Mulheres que vivem com o único propósito de ter um amor, viver pra esse amor, não perder esse amor. Digamos que consigam, e aí? Felizes pra sempre? Não, meu bem, ninguém é feliz pra sempre às custas de outro alguém.
Então você pode metralhar a vontade por aí. Atire bastante que em alguém (Deus te ajude, nessa mira) um dia acerta. Mas tenha consciência de que a felicidade certamente não estará (somente) aí.
Não pense que eu tenho a prepotência de te dar uma receita, não tenho. O que eu tenho são conselhos de mãe, de avó, de gente mais velha e mais sábia que a Bruna Surfistinha, que a Bebel e que a própria mídia moderninha te apresenta. São os conceitos que eu mesma formei com os livros que eu li, os filmes que eu vi (não existem só comédias românticas, tá sabendo?) e pessoas de verdade que conheci e dividiram suas histórias comigo. Quer saber a que conclusão todas essas coisas levam? Valorize-se. Simples assim. E dentro disso cabe muitas coisas: tenha sonhos, um hobby, uma profissão, amigos, particularidades, manias, personalidade própria... E saiba reconhecer quando encontrar alguém que mereça ter alguns de seus sonhos divididos com ele.
Mas não seja qualquer uma de qualquer um.
Seja romântica, sim. Não deixe de ser meiga, não deixe de esperar seu vampirinho... Mas não permita que isso te defina, que sua complexidade acabe aí.
Depois de tantas verdades jogadas na cara assim, fico contente em dizer que ainda existem sim, homens de verdade. Mas estes sabem reconhecer mulheres de verdade. Quer ser reconhecida? Faça por onde.
Quanto às divas abandonadas, bem, quem não está sujeito a esbarrar com um canalha por aí? E quem dirá que não foram felizes? O certo é que apesar da infelicidade amorosa, não foi por esse caminho que fizeram seus nomes, que deixaram suas marcas. Ninguém gosta do Príncipe Charles, mas todo mundo adorava Diana.
Tiveram seus finais felizes, sim. Quando cantavam no palco, quando brilhavam por si. Eram boas demais praqueles que as fizeram sofrer e além disso, eram muito mais. E sabiam.