sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A(r)mor.

Não lembro onde vi. Se foi em um filme, livro, ou se me contaram. Mas me lembro perfeitamente do diálogo:
Filho: declarei meu amor por ela hoje, ela me rejeitou. Disse que seu coração já não é mais dela, pertence a outro.
Pai: e agora, o que você vai fazer?
Filho: o que eu posso fazer? Não posso ficar esperando que um dia ela mude de idéia, posso?
Pai: não sei, meu filho. Mas entenda uma coisa: no que diz respeito ao amor, a felicidade nunca vai estar no orgulho.
É sobre isso que eu quero escrever hoje. Mesmo me sentindo um tanto quanto clichê, afinal, é um tema bobo. Característico de pessoas fragilizadas, mesmo que momentaneamente. Esse tema: amor vs. orgulho... Ô bobagem, mas vamos lá.
Que atire a primeira pedra quem nunca calou seus sentimentos apenas pra não se mostrar frágil. Levante a mão quem nunca deixou de fazer algo por alguém, apenas pra não sair como o bobo da peça. Tudo inteiro, nenhum vidro quebrado e todas as mãos da sala permanecem abaixadas.
É selado. Frieza virou sinônimo de maturidade sentimental. Mesmo que na grande maioria dos "causos", ela represente exatamente o contrário. Mas quem se importa com a racionalidade e sensatez que existe na emoção, quando a razão é a dona da verdade?
Não queremos dar o braço a torcer de jeito nenhum! Não queremos parecer carentes, apaixonados, necessitados daquela pessoa ali e agora. Imagine! Seria uma afronta aos tempos modernos, onde o amor ficou cafona, brega, coisa de pobre que tem 15 filhos.
Fico me perguntando quantos "eu te amo" foram abafados por "não quero me apegar". Quantos "fica bem, mas fica só comigo" foram dolorosamente trocados por relacionamento aberto no orkut. Inclusive me arrisco a palpitar que tudo isso tenha sido dito na ânsia de achar que era o que o outro queria ouvir (!). Será? Bom, talvez não.
Mas talvez esses novos (ou nem tããão novos) joguinhos sejam necessários. Talvez a graça esteja em não saber o que o outro sente, na emoção da caçada, na sensação de incerteza, na emoção da conquista. Talvez se, ao ter seu coração laçado, você revele isso, o laçador já não te ache mais tão interessante e procure um novo coração rebelde e aventureiro pra tentar capturar.
Parece que é isso. Então me responda: isso não cansa?
Veja bem, não escrevo me isentando de tudo. Também jogo, também sou peça no tabuleiro, mas se for pra falar de mim, digo com toda certeza que cansa, sim.
Forte é aquele que escreve uma carta de amor, que compra uma flor, que dá um bombom. Tudo isso quando ela diz pra que ele não a procure mais. Forte é aquela que tem azar no amor, só conhece cafageste e mesmo assim ainda dá o número verdadeiro do seu telefone. É o cara que não trai a namorada só pra pagar de pegador pros amigos. É a menina que abre mão de algumas manias bobas, porque sabe que elas não fazem bem a ele. Claro que tudo isso dentro do contexto: ele s2 ela e vive-versa.
O sentimento de orgulho é um fantasma perigoso em qualquer tipo de relacionamento: casamentos, namoros, rolos. Ele tá aqui, dentro de nós. Assombrando com seus "ela tá te fazendo de besta, dá o troco", "ele não tá nem aí pra ti, arranja outro", "ela só pensa nela mesma, não faz nada por nós", "ele só pensa em sexo". E por aí vai.
A gente se deixa dominar por isso, vai. Eu deixo, grande parte das vezes. Assumo.
Me tornei uma ninja na arte de evitar sentimentos maiores. Eu aprendi a deixar que a coisa corra até certo ponto. Limitei meu voo pra não cair de nada muito alto. Sabe o coração de pedra? Bate aqui dentro do meu peito. Mas olha, ele pesa.
Cansei do jogo, cansei mesmo. Mas que escolhas temos nós, quando as cartas são marcadas?